São Pedro e São Paulo
Por Dom José Francisco
"Os cabeças dos apóstolos" foram as grandes colunas da Igreja dos começos. Simão Pedro foi pescador, e a cena do seu chamado por Jesus é um clássico dos Evangelhos.
Tendo deixado tudo, foi livre para estar presente nos momentos-chave, como a pedra que o Senhor precisava para descansar a cabeça. Homem simples e impulsivo, falou em nome do grupo e não hesitou em pedir ao Mestre mais esclarecimentos sobre a pregação.
"Também vocês querem ir embora?", perguntou Jesus aos Doze. Ao que Pedro respondeu: "Senhor, para onde iremos? Somente tu tens palavras de vida eterna" (Jo 6,67-68).
Aos poucos, ele se tornou a pedra onde Jesus edificou a Igreja. Embora, sua constituição psicológica forte não o impedisse de se desviar do Senhor durante o processo aviltante de sua morte, tornou-se testemunha da ressurreição. Mais tarde, os eventos de Pentecostes o constituíram líder da primeira comunidade.
Até onde a vista alcança, ele foi a fonte de informações para que Marcos escrevesse seu Evangelho. Morreu martirizado em uma das alucinadas perseguições do Império Romano.
Já Saulo, o nosso Paulo, era natural de Tarso, cidade cosmopolita, e completamente diferente de Pedro. Tendo recebido uma educação esmerada, tornou-se fariseu zeloso e perseguidor dos cristãos.
Mas converteu-se à fé cristã, no caminho de Damasco, quando o Ressuscitado o chamou para ser apóstolo. Daí em diante, remodelou toda sua identidade, viajou pelo mundo pregando o Evangelho, escreveu treze epístolas e se tornou o "Apóstolo dos Gentios". O perseguidor, no final, foi perseguido e martirizado.
Nossa época é pródiga em produzir importantes destaques religiosos. Mas, desde os princípios, eles já estavam lá, fazendo de suas vidas tochas vivas.
Só não vê quem não pode ou quem não quer ver!
*Dom José Francisco é arcebispo de Niterói