Rio 40 graus, que nada. Agora a sensação é de 53,3 graus

Recorde foi estabelecido à tarde, no Jardim Botânico. Pela manhã, termômetro marcou 42,6 graus em Guaratiba

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Novo plano municipal de alerta foi explicado pelo chefe executivo do Centro de Operações Rio (COR), Marcus Belchior

Em uma semana marcada por intenso calor e praias lotadas, o Rio de Janeiro estabeleceu ontem (16) novo recorde de temperatura em 2023: 42,6 graus Celsius (°C). O termômetro que registrou tal temperatura foi o do bairro de Guaratiba, na zona oeste da cidade, que tem chamado a atenção pela sensação térmica de mais de 50 °C no período da manhã.

No início da tarde, momento em que o recorde foi estabelecido, a maior sensação térmica era de 53,3°C, no bairro do Jardim Botânico, na zona sul.

Antes desta quinta-feira, o recorde anterior tinha sido estabelecido pela onda de calor que se abateu sobre o Brasil desde o fim de semana. No domingo (12), termômetros do bairro de Irajá, na zona norte, marcaram 42,5°C.

Para hoje (17), o Alerta Rio prevê que as temperaturas continuem acima dos 40°C, sem previsão de chuva. A umidade relativa do ar deve continuar entre 21% e 30% no período da tarde em alguns pontos da cidade.

Já entre o sábado (18) e o domingo (19), áreas de instabilidade estarão presentes, associadas à passagem de uma frente fria no mar. Com isso, há previsão de pancadas de chuva moderada a forte a partir da tarde de sábado e a qualquer momento do domingo, podendo passar de 25 milímetros por hora. Os ventos estarão moderados, podendo haver rajadas fortes durante as pancadas.

Plano Verão - Ontem , a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, detalhes no Plano Verão 2023/24, que reúne uma série de medidas para evitar e/ou minimizar efeitos de temporais. Uma das principais preocupações das autoridades é a combinação entre mudanças climáticas e as consequências do fenômeno climático El Niño - aquecimento anormal das águas da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.

"A gente pode ter extremo de chuva ou extremo de calor na Região Sudeste. É para isso que a cidade do Rio está se preparando, para os extremos", disse o chefe executivo do Centro de Operações Rio (COR), Marcus Belchior.

O COR é uma ampla sala de controle que monitora o funcionamento da cidade e oferece respostas operacionais para diversas situações, articulando órgãos públicos e privados.

A prefeitura apresentou um levantamento que mostra que a frequência e intensidade de eventos críticos vêm se agravando nas últimas décadas. Apesar de o verão começar em dezembro e terminar em março, o plano municipal de alerta engloba ações que vão de novembro até abril de 2024.

De acordo com a prefeitura, desde 2021 foram investidos R$ 2,1 bilhões em tecnologia, prevenção e resposta a danos causados por tempestades.

Sirene com mensagens - Uma novidade em relação a anos anteriores é que os alto-falantes instalados em 103 comunidades - que acionam sirenes quando há situação de risco - também reproduzirão avisos por meio de mensagens gravadas, para melhor orientar os moradores. O prefeito Eduardo Paes fez um apelo para que as pessoas respeitem os alertas sonoros.

"Quando aquela sirene toca, ela serve para alertar a população, não vem de um achismo, são dados objetivos, índices pluviométricos, características daquele solo, daquela área, tempo de chuva... Nós precisamos e queremos salvar vidas da cidade", disse Paes.

A Defesa Civil treinou quase 800 agentes comunitários nas áreas de risco e fez testes simulados em 85% das comunidades com sirenes.

Tecnologia - No conjunto de itens de tecnologia que estarão à disposição da prefeitura para lidar com os eventos extremos figura um radar meteorológico que começará a funcionar em dezembro. Será o segundo da cidade. Uma vantagem é que o novo equipamento não é afetado por áreas de sombra, ou seja, partes que não consegue monitorar.

"O primeiro radar só tem a visão horizontal, não tem a vertical. Com a implantação desse novo radar, a gente consegue ter uma previsão mais no detalhe. Eu tenho capacidade de ver o granizo, tamanho e intensidade da nuvem. Em complementação ao software de [monitoramento de] raios, nos dá mais assertividade na previsão. É uma evolução tecnológica", explicou o chefe do COR.