Transformações merecidas

Por *Charbel Tauil Rodrigues Presidente do Sindilojas Niterói

Charbel Tauil Rodrigues*

Soubemos, pela Imprensa, que a prefeitura planeja "uma série de intervenções" no Centro de Niterói, deixando o bairro de cara nova para as comemorações pelos 450 anos do município, no ano que vem. Entre as tais mudanças estaria a transformação da Avenida Amaral Peixoto num "corredor verde", por meio de construção de canteiros e plantio de árvores.

Pois bem. Em primeiríssimo lugar, é ótimo que o Poder Público, parece, esteja finalmente acordando para o fato - tantas e tantas vezes abordado pelo Sindilojas - de que o Centro precisa e merece ser repaginado à altura de sua importância econômica econômica e potencial estratégico, seja para empresas, seja para moradias.

Perdemos as contas de quantas ocasiões, nos últimos anos, o Sindicato dos Lojistas já se pronunciou a respeito, insistindo em alertar que o Centro é muito mais do que suas avenidas externas de passagem de trânsito, como é o caso da Jansen de Mello e da Marquês do Paraná. O bairro também não é apenas o entorno do Caminho Niemeyer, e nem uma mera área de embarque e desembarque dos catamarãs Rio-Niterói. É muito mais que tudo isso. Já foi e pode voltar a ser um pólo de desenvolvimento de excelência, desde que ocorram investimentos públicos de porte, bem planejados, devidamente priorizados e - sempre - previamente discutidos com os interessados.

É de se esperar que a Prefeitura, neste elogiável "despertar para o Centro", esteja neste exato momento se preparando para debater, democraticamente, cada passo das possíveis intervenções no bairro, conversando com todos os representantes das entidades civis ali sediadas, assim como representantes dos moradores, Sindilojas, instituições de ensino e demais órgãos públicos e privados.

E quando digo "conversando" é algo que envolve troca de ideias, opiniões, coleta de sugestões. Não se trata, de forma alguma, de tomar decisões unilaterais a portas fechadas, passando depois a trombeteá-las nas mídias sociais e informes publicitários. Muito menos se limita a protocolarmente receber contribuições por e-mail ou aplicativos, dando assim por encerrada a etapa "democrática" da coisa toda. Nada disto.

É indispensável que o Poder Público promova debates presenciais (com todos os protocolos sanitários seguidos à risca, é claro), dando chance a que todos se manifestem e compartilhem com o grupo suas impressões e detalhes de suas propostas. Será assim que poderemos construir um conhecimento comunitário, tomando decisões em grupo e podendo estabelecer cada uma das prioridades.

Como cidadãos e contribuintes que somos, queremos saber o que se pretende fazer no Centro, podendo opinar, sugerir e criticar.

E isso não vale apenas para o Centro. É uma necessidade geral. Recentemente, por exemplo, foi anunciada uma grande intervenção de obras e melhorias ao longo da Alameda São Boaventura. Bacana. Mas pergunto: combinaram com os moradores e os comerciantes da área como vai ser o cronograma, quantas e quais serão as alternativas de tráfego?

Cabe lembrar que durante as obras da Via Transoceânica foi um verdadeiro caos para os lojistas, profissionais liberais e prestadores de serviços estabelecidos no caminho das intervenções, que se viram desesperados sem suas clientelas nem trechos para estacionamento, sem que houvesse uma clara previsão de início e término de cada etapa. Muitos empreendimentos fecharam as portas, para sempre, naquele período. Sucumbiram à falta de diálogo do Poder Público.

Enfim, vamos torcer para que as tais transformações agora anunciadas sejam não apenas do Centro de Niterói, mas também das posturas e atitudes da própria Prefeitura.

Isso acontecendo, todos os lados só terão a ganhar!

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