O Rio em decadência

Rogério Amorim - Foto: Divulgação

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Rogério Amorim

Já não sei quantas vezes quase perdi a voz falando sobre a importância da Ordem Urbana na cidade do Rio de Janeiro. Acredito que a desordem é uma das principais razões da decadência do município que, de forma paradoxal, é conhecido no mundo como "Cidade Maravilhosa".

Fico imaginando como seria caminhar para o trabalho na Câmara dos Vereadores, por exemplo, sentindo paz e liberdade. Só o que eu vejo são problemas que parecem irreversíveis. Para começar, as calçadas estão sempre ocupadas de maneira irregular, fazendo com que a gente desvie o tempo todo, isto para mim é um incômodo, mas para as Pessoas Com Deficiência (PCD) é um impedimento. Outro ponto fácil de perceber é a venda descarada de material clandestino, que já é vista com normalidade. Falei apenas de duas coisas simples de propósito para mostrar a falta de vontade de resolver.

Agora vou falar da decadência. Palavra forte que reflete exatamente o que está acontecendo a cada ano com o nosso município. Não se pode citar ordenamento urbano sem pensar em outras estruturas da Prefeitura que também exercem (ou deveriam) papel fundamental na qualidade de vida de cada um de nós. Começando pela Assistência Social, que é responsável, por exemplo, pelas pessoas em situação de rua, população que só aumenta. Mas parece que Eduardo Paes está tão ocupado com festas que não caminha mais pelo Rio de Janeiro. Ali mesmo, no Centro, há famílias inteiras dividindo as calçadas.

Só quem não conhece o Rio de Janeiro pode decidir investir mais de 95 milhões em publicidade da Prefeitura (leia-se propaganda de si mesmo) e dar um milhão e meio de reais para cada uma das doze escolas de samba do grupo especial. Enquanto isso, 31 mil crianças matriculadas na rede municipal de ensino não receberam a recarga do cartão alimentação. Isso tudo aconteceu em maio do ano passado, mas com a fanfarronice em voga, poderia dizer que aconteceu mês passado e todos acreditariam.

Quando cada uma dessas atrocidades vão sendo absorvidas no nosso dia a dia a sensação que temos, como população, é que estamos sem rumo, sem quem administre de fato a nossa cidade. Percepção infeliz que é realidade em todos os bairros. Segundo um estudo da Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Rio, 20 mil famílias convivem com a insegurança alimentar, razão ligada diretamente ao fato da capital fluminense ser o município brasileiro com o maior número de moradores de favela: 1.393.314 habitantes. Conclusão bastante óbvia, afinal, quem não tem como se alimentar, certamente não tem condições financeiras de morar em um local com boa estrutura e longe da criminalidade. Uma coisa puxa a outra, todos nós sabemos, menos o nosso prefeito.

É o vazio que nos invade reafirmando que a desordem é a nossa premissa. Há menos de duas semanas assistimos o crime organizado treinando seus soldados com armas de uso restrito (fuzis e metralhadoras) ao lado de uma creche e cinco escolas. Esse é o resultado do abandono: são os problemas diretos e "menores" que vão, aos poucos, construindo verdadeiras atrocidades, como a preparação de um exército de traficantes e milicianos. Os problemas que poderiam ser acolhidos e resolvidos a nível municipal, evoluem e passam para as outras esferas. Dou mais um exemplo: a Educação Esquerdopata. Ao invés de investir nas nossas crianças com um ensino de qualidade para que elas construam uma realidade melhor, a começar por uma escolha acertada de um prefeito, Paes prefere escolher para dirigir as escolas municipais, pessoas que fazem shows pornográficos como o "Cavalo Taradão", ou que rebolem ao som de funks proibidos para crianças de 3 a 4 anos de idade. Aproveito para lembrar que fui o primeiro a denunciar tal bizarrice e pedir explicações para a Secretaria de Educação.

Eu não vou lavar as mãos diante de tantos desmandos e bizarrices. Mesmo quando os problemas de desordem superam a esfera municipal, eu tenho como lutar! Como Presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, passei a trabalhar com a Comissão de Combate à Desordem Urbana da Alerj, para poder diagnosticar e remediar todos os problemas, mesmo quando eles têm nome e sobrenome poderosos.