Médicos são executados por engano na Barra da Tijuca

Os quatro médicos foram baleados por engano, após um deles ser confundido com um miliciano. Esta seria a causa do ataque a tiros em um quiosque na orla da Barra da Tijuca que deixou três médicos mortos e um ferido. A informação foi obtida pela "TV Globo" com fontes nas polícias, que trabalhariam com a hipótese de que traficantes estariam atrás de Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, acusado de integrar a milícia na região de Jacarepaguá e que se parece com o médico Perseu Ribeiro Almeida, uma das vítimas. Na foto tirada pelo grupo de médicos antes do ataque a tiros, Perseu aparece com a camisa do Bahia. Ele morreu na hora.

Taillon cumpre pena em regime semiaberto desde março deste ano e mora a menos de 1 km onde os médicos foram executados. Ele é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado pela polícia como um dos chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste.

Entre os mortos no ataque também está o ortopedista Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e cunhado do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), o que motivou o ministro da Justiça, Flávio Dino, a determinar que a Polícia Federal acompanhe a investigação do crime.

"Eles estão firmes [Polícia Federal], junto com a Polícia Civil, com a convicção de que vão elucidar esse crime porque há indicações que podem conduzir à configuração da materialidade da autoria do delito", afirmou Dino, ao ser questionado sobre o crime durante anúncio de medidas de segurança pública na Bahia.O outro médico assassinado é Marcos de Andrade Corsato.

O secretário estadual de Polícia Civil, José Renato Torres (foto), afirmou que o homicídio de três médicos não ficará impune. "A Polícia Civil está à disposição do doutor Henrique Damasceno [diretor do Departamento de Homicídios] para que esse crime não fique impune e que a sociedade do Rio de Janeiro e os nossos turistas acreditem nas forças policiais do Rio de Janeiro", disse.

O delegado federal Paulo Garrido também afirmou que a Polícia Federal está cooperando com a Polícia Civil desde as primeiras horas após o crime, ocorrido na madrugada desta quinta.

Os médicos ortopedistas Marcos de Andrade Corsato, Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida não moravam no Rio e estavam na cidade para participar de um congresso internacional de cirurgia ortopédica. Eles foram assassinados quando estavam em um quiosque, na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade, próximo ao hotel onde ocorre o evento.

Um quarto médico ficou ferido e foi internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, que também fica na Barra da Tijuca. A Secretaria Municipal de Saúde informou que seu estado de saúde é estável.

A investigação está sendo acompanhada pela 4ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Ministério Público do Rio.

Deputada ameaçada - Os deputados estaduais Professor Josemar e Flávio Serafini, ambos do PSOL do Rio, disseram ontem que vão cobrar rapidez nas investigações sobre o crime. Os deputados do PSOL foram ao Instituto Médico Legal (IML) a pedido da família de Diego Ralf Bomfim, para cuidar dos trâmites legais relacionados à documentação e translado do corpo para Presidente Prudente, cidade no interior de São Paulo onde vivem os pais do médico e onde acontecerá o funeral.

Sobre as investigações, eles confirmaram que a deputada Sâmia Bomfim e a família vinham sofrendo ameaças, mas que o motivo do crime ainda é desconhecido.

"É importante, neste momento, a gente ter muita prudência no trato, ter muita cautela no que a gente afirma, para que não gere mais confusão do que o necessário. É um momento triste, a família está muito transtornada, perder um filho com 35 anos. Nossa militância também está indignada e é fundamental a gente entender que foi uma execução, que é um crime bárbaro e cobrar celeridade tanto do governo do Rio de Janeiro, quanto do de São Paulo sobre o fato", disse o deputado Professor Josemar.

Familiares de Marcos Corsato estiveram no IML, mas não quiseram se manifestar sobre os homicídios. O corpo será levado para Sorocaba, em São Paulo. Amigos e familiares de Perseu Ribeiro disseram que ele vai ser velado em Ipiaú, na Bahia.