Mais espaço para a Cultura

Por Jefferson Mariz Lemos

Audiência debate políticas públicas para o setor

Mais espaço e transversalidade. Essas duas palavras foram as mais realçadas na fala dos atores sociais que estiveram recentemente no Cine Henfil, a fim de participar da 1ª Audiência Pública de Cultura e discutir políticas públicas permanentes para o setor em Maricá. A iniciativa partiu da vereadora Andréa Cunha, que ouviu atentamente todas as demandas dos trabalhadores da área, sendo a principal delas a necessidade de se criar locais de atuação para os artistas do município que, segundo eles, carecem de lugares específicos para cada arte.

Como disse Cecília Lira, representante das artes plásticas pelo Conselho Municipal de Cultura: “a arte é como o ar, abrindo espaço, ela ocupa”, citando poema de sua autoria. Ela lamenta o fim do Porão Cultural e pede uma casa nos moldes do antigo espaço. Suas considerações seguiram as do conselheiro Dudu Gama (teatro e circo) que indagou à plateia: “quantos espetáculos temos hoje em cena na cidade?”

Ele foi complementado por André Rangel, do Ruasia, ressaltando que “o artista de fora vem para Maricá para ter mais oportunidade e o de Maricá vai para fora para ter mais oportunidade”. A conselheira Marília Danny (dança), na mesma linha, destacou que os 17 espetáculos montados por sua Cia. Vida de Teatro e Dança foram apresentados fora dos espaços oficiais do município. “Sempre em locais alternativos e a gente só quer continuar dando cultura como já dá”, frisou.

Mas não só as contestações foram a tônica. A conselheira Iracema Miranda (assistência social) lembrou a luta de Andréa Cunha, que sempre foi uma batalhadora da cultura e que Maricá já conquistou muito no setor, ainda que não seja o ideal almejado. Na questão da transversalidade, a superintendente de Economia Criativa da Codemar, Vivi Martins, ressaltou a relação estreita entre Cultura e Educação, Cultura e Trabalho, Cultura e Tecnologia e tantas outras secretarias, além de sua importância para desenvolver a cidade: “cultura não é gasto, é investimento. A cada 1 real investido, o município recebe 1,50 de volta”.

Na abertura da audiência, o secretário de Cultura Sady Bianchin enalteceu a iniciativa de Andréa, dizendo que se tratava de algo para ficar registrado na história do Legislativo: “depois de 208 anos de existência, temos uma audiência pública, a vereadora sai da média e nos coloca nesse espaço de escuta”, elogiou. A vereadora, por sua vez, deixou claro que seu objetivo com a audiência era, após escutar as demandas, levá-las para o plenário da Câmara de forma que leis possam ser criadas para ajudar o setor. “Outra audiência já está sendo planejada para dar continuidade a essa primeira”, garantiu.

Compareceram também à reunião o secretário de Promoção e Políticas Especiais, José Alexandre, o subsecretário de Desenvolvimento Econômico, Magno Amado, os vereadores Danilo Santos e Luiz Felipe Hadesh, os representantes do ICTIM, Cláudio de Souza Gimenez, de Patrimônio Material e Imaterial, Wangles Silva, a presidente do Fórum Cultural do Município, Raquel Simões, os conselheiros Levi Gomes (música), Sueli Castano (artesanato), Loretta Young (cultura popular), Júlio César (cultura afro), Luciano Costa (audiovisual) e a indígena Suzana Para’í, da Câmara dos Povos Originais. Todos contribuíram de maneira rica e produtiva com suas ideias e proposições. Presentes ainda Karla Oliveira, do MST, Suellen Cunha, da Assistência Social e Joaquim Piñero, da Fazenda Pública.

  • Tags: