Faltam poucos dias para as eleições municipais e, apesar das pesquisas serem importantes e relevantes para informação pública, vencedores e turnos só serão confirmados em 6 de outubro. Para o doutor em Ciência Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcio Malta, há grandes chances de Niterói ter segundo turno.
"Segundo pesquisas, há um favoritismo para que Rodrigo Neves vença as eleições. A grande questão é de quanto seria essa vantagem? Parecia ser ampla, mas não havia começado as campanhas de seus opositores. Temos dois opositores principais: Carlos Jordy (PL) e Talíria Petrone (PSOL)", analisa Marcio Malta.
Em 2016, Rodrigo Neves foi um dos primeiros a sair do Partido dos Trabalhadores (PT), legenda do presidente Lula, e não apoiou a presidenta Dilma Rousseff durante o seu processo de impeachment. Sete anos depois, Dilma foi inocentada pela Justiça e a decisão reforçou a tese de que a destituição de seu cargo foi golpe de Estado.
"Rodrigo Neves é visto com certa ressalva pelo presidente e pela esquerda como Quaquá, Manuela D'Ávila e o próprio Chico Buarque. Não podemos nos furtar de debater a possibilidade de haver segundo turno. A campanha de Rodrigo Neves tem orientado a resolver logo a eleição no primeiro turno, o que poderia prejudicar a campanha dos candidatos. A Talíria é um nome de projeção nacional, bastante reconhecida e conhecida na cidade. Acredito, como cientista político, que seria saudável um segundo turno porque pode ser uma chance a mais de debatermos concepções, modelos de cidade", acredita Malta.
Marcio Malta é doutor em Ciência Política e professor do curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (Inest/Uff), da Pós-graduação em Estudos Estratégicos da Defesa e Segurança (PPGEST/Uff). É pesquisador do Inct-Ineac e cartunista.
Instituto Gerp
Pesquisas de intenção de voto são essenciais para a democracia e não podem ser canceladas. Segundo Lara Mesquita, pesquisadora associada no Centro de Política e Economia do Setor Público (FGV Cepesp), doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ, "proibir a divulgação de pesquisas só deixaria o eleitor mais desinformado e suscetível a informações enviesadas de candidatos/campanhas com maior poder de alcance público. Já que pesquisas internas continuariam sendo realizadas".
No entanto, algumas pesquisas devem ser questionadas devido ao seu histórico e suas incoerências. É o caso das publicações do Gerp em Niterói. Desde a pré-campanha na cidade, a pesquisa eleitoral do instituto aponta Rodrigo Neves (PDT) na liderança.
Nesta terça, o MP suspendeu a pesquisa que dava vitória ao ex-prefeito no primeiro turno por suspeita de irregularidades.
"Em 2016, o Gerp disse que a eleição acabaria no 1° turno e apontava Flavio Serafini (PSOL) com 9% das intenções de voto. Nas urnas, ele fez mais que o dobro. Em 2020, o Gerp deu Flavio em 4° lugar e ele ficou em 2°. Parece ser uma estratégia do mesmo grupo político que domina a cidade há 12 anos. O Gerp sempre colocou Rodrigo Neves e Axel Grael na liderança, mas não é o que acontece de fato nas urnas. Isso prejudica a campanha de todos os candidatos e não mostra a mesma temperatura que sentimos nas ruas", afirma Talíria Petrone.
Tudo parece ser muito nebuloso quando o assunto é Gerp. Não dá para acreditar em pesquisas com indícios de fraude.
Cientista político da UFF não descarta segundo turno na disputa em Niterói
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