PF apreende R$ 500 mil em carro do DER e indícios apontam para campanha de Rodrigo Neves

A Polícia Federal prendeu dois homens em flagrante por transportarem R$ 500 mil em espécie e um revólver calibre .38 com cinco munições, no bairro de Icaraí, em Niterói - Foto: Divulgação/Polícia Federal

Niterói
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A Polícia Federal realizou uma apreensão explosiva em Niterói nesta quinta-feira (24), ao encontrar R$ 500 mil em espécie dentro de uma mochila em um carro de uso exclusivo do Departamento de Estradas e Rodagens do Rio de Janeiro (DER), estacionado em Icaraí, Zona Sul da cidade. A operação, parte de uma investigação contra crimes eleitorais, já prendeu dois suspeitos e levanta fortes indícios de corrupção eleitoral. O dinheiro foi encaminhado à Superintendência da PF, que já soma mais de R$ 4 milhões apreendidos neste ano de 2024 em investigações relacionadas a fraudes eleitorais.

Além dos R$ 500 mil, os agentes encontraram no interior do veículo um revólver calibre .38 com cinco munições, o que também resultou na imputação do crime de porte ilegal de arma de fogo aos presos.

Embora o DER tenha alegado em nota que o carro "não pertence ao órgão", as evidências levantadas pela Polícia Federal e o histórico de investigações que cercam o Departamento trazem à tona uma teia de ligações perigosas entre o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, e o ex-prefeito e candidato a retornar ao cargo, Rodrigo Neves.

Bacellar, que exerce enorme influência sobre o DER, apoia abertamente a candidatura de Neves à Prefeitura de Niterói. A proximidade entre os dois líderes políticos e a apreensão milionária em um veículo do DER às vésperas do segundo turno das eleições municipais levanta suspeitas de que o montante apreendido pode estar sendo desviado para financiar ilegalmente a campanha de Rodrigo Neves.

Investigação aponta para crime eleitoral e ligações com o DER

O Departamento de Estradas e Rodagem, sobre o qual Bacellar exerce influência direta, já vinha sendo investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeitas de superfaturamento e irregularidades em contratos milionários com a empresa Construverde, conhecida por sua parceria com a Zocar, uma empresa ligada a Bacellar. A Zocar está envolvida em uma série de escândalos, incluindo extração ilegal de ouro, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O Ministério Público já investiga um superfaturamento de R$ 30 milhões em contratos do DER com a Construverde, e agora o dinheiro encontrado no carro do órgão em Niterói reacende as suspeitas de que esses valores podem estar sendo desviados para práticas criminosas, incluindo o financiamento de campanhas eleitorais. Com Bacellar e Neves ligados por uma aliança política e econômica, a apreensão de R$ 500 mil em um veículo do DER às portas do segundo turno eleitoral abre um novo capítulo de suspeitas graves de corrupção.

Da esquerda para direita: Vitor Junior, Verônica Lima, Rodrigo Neves, Rodrigo Bacellar, Martha Rocha e Flávio Serafini

Foto:Reprodução

Uso eleitoral do dinheiro: uma estratégia criminosa?

Os indícios de que o dinheiro encontrado pela PF poderia ser destinado a atos de corrupção eleitoral em favor da campanha de Rodrigo Neves não podem ser ignorados. Especialistas apontam que o uso de verbas públicas para financiar campanhas é uma prática antiga e perversa que distorce o processo democrático. "É altamente suspeito que essa quantia de dinheiro em espécie, descoberta em um carro vinculado ao DER, tenha sido encontrada justamente na semana das eleições", afirma um analista político. "O apoio declarado de Bacellar a Neves cria um cenário no qual é plausível imaginar que esse dinheiro estava sendo canalizado para a campanha."

Niterói nas mãos de uma quadrilha política?

Com o apoio de Rodrigo Bacellar, Rodrigo Neves tenta reconquistar a prefeitura de Niterói em um cenário cada vez mais comprometido por denúncias de corrupção e irregularidades. As investigações ainda estão em curso, mas os sinais de um possível esquema de desvio de dinheiro público para financiar a campanha de Neves são cada vez mais fortes. As autoridades devem esclarecer como R$ 500 mil em espécie foram parar no interior de um veículo do DER e qual o destino desse montante em plena época eleitoral.

O Ministério Público e a Polícia Federal seguem com as investigações, mas a população de Niterói já começa a expressar sua indignação. “Isso é um tapa na cara do eleitor. Estão comprando votos com o dinheiro do povo!”, desabafa Ana Beatriz, moradora de Icaraí. Carlos Ramos, outro residente, foi ainda mais enfático: “Neves e Bacellar estão metidos até o pescoço. Esse dinheiro sujo vai direto para a campanha!”.

Enquanto isso, os niteroienses aguardam respostas e temem que a cidade esteja sendo refém de um esquema corrupto, onde o uso de dinheiro público para fins eleitorais se tornou rotina. Rodrigo Neves e Rodrigo Bacellar estão no centro desse escândalo, e a população exige explicações imediatas.