O ex-prefeito de Niterói e candidato à prefeitura pelo PDT, Rodrigo Neves, terá que responder presencialmente à Justiça no próximo dia 30 de outubro, apenas três dias após o segundo turno das eleições. Convocado como réu, Neves enfrentará um depoimento decisivo no Fórum de Niterói, às 14h, no âmbito de uma ação popular que investiga contratos milionários firmados entre a Prefeitura de Niterói e a agência de publicidade Prole, indicados pelo ex-governador Sérgio Cabral. As acusações remontam ao desvio de R$ 60 milhões em verbas públicas, apontado na delação de Cabral e considerado um dos maiores escândalos do governo Neves.
A Prole, segundo as investigações, foi indicada diretamente por Cabral para coordenar a campanha de Rodrigo Neves em 2012. Logo após as eleições, a agência "ganhou" uma série de contratos vultosos em Niterói, vencendo consecutivas licitações durante os mandatos de Neves. A ação popular visa entender o esquema de favorecimento a empresas e o uso indevido de dinheiro público em obras e projetos superfaturados, um ônus que até hoje pesa no bolso do contribuinte niteroiense.
Contrariando a versão pública de Neves, que assegura estar livre de acusações, o processo revela que ele ainda é investigado não apenas neste caso de desvio e favorecimento, mas também em outro processo que tramita em segredo de justiça. Documentos e depoimentos de testemunhas e colaboradores apontam para o envolvimento direto de Neves em manobras para direcionar licitações de projetos de infraestrutura, como a Transoceânica, à construtora FW Engenharia, UTC/Constran e à Prole. Em uma das interceptações telefônicas feitas pela Operação Lava Jato, Ricardo Pessoa, da UTC/Constran, se refere a Neves como “meu chefe” e ambos celebram a liberação de verbas federais para o projeto antes mesmo do início formal da licitação.
Essas suspeitas foram corroboradas por advogados e peritos financeiros que classificaram os documentos do processo, com mais de 900 páginas, como “evidências contundentes” de um esquema de corrupção amplamente articulado. Depoimentos, como o de Cabral, detalham o papel da Prole e do próprio Rodrigo Neves no desvio de R$ 60 milhões, montante que poderia ter sido investido em políticas de infraestrutura e saúde pública na cidade.
A cobrança agora é pública. O Ministério Público, a Justiça e os contribuintes exigem respostas sobre os processos de licitação que beneficiaram empresas ligadas ao ex-prefeito e ex-governador. Enquanto Rodrigo Neves tenta se defender publicamente, o impacto de sua gestão, segundo os advogados envolvidos, ainda assola Niterói financeiramente com dívidas que permanecem até hoje.
Esse depoimento marca um dos momentos mais críticos na trajetória política de Neves, colocando à prova sua candidatura em meio ao cenário de acusações e provas contundentes. Com um histórico que agora levanta suspeitas graves de corrupção, desvio de verbas e manipulação de contratos, o próximo dia 30 será crucial para a sociedade de Niterói entender o papel do ex-prefeito em um dos maiores escândalos da cidade.
Rodrigo Neves irá depor dia 30/10 por corrupção
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