Por Redação
Elas ocupam posições antes identificadas apenas com homens e dão um novo significado às funções ao ampliar a visão sobre as possibilidades das atividades femininas. Neste mês em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8, essas três servidoras públicas que atuam em forças de segurança do estado servem de inspiração para que outras mulheres sigam seus exemplos.
A tenente-coronel da Polícia Militar (PM) Daniele de Almeida Neder tem 45 anos, é mãe de três filhos e completou 26 anos na corporação. Ela comanda o 39°Batalhão de Polícia Militar (BPM), localizado em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, há quatro meses. A unidade conta efetivo de 500 agentes. A comandante fala sobre a sua experiência e satisfação de assumir o posto.
"Ao longo da minha carreira sempre foquei nos resultados e nunca nos obstáculos, nenhum sonho é impossível, tenho a melhor tropa e os melhores oficiais que eu poderia ter. A mulher pode atuar em todas as funções na PM. Nosso trabalho é uma missão, independentemente de gênero. Somos oficiais e fomos preparadas para comandar, sempre busquei isso na minha carreira, comandar uma unidade, e hoje tenho certeza que estou no melhor lugar que eu poderia estar. Desde que estou à frente do 39° BPM, implantei a companhia destacada do Roseiral, que acredito ser um ganho para a população do município. Conseguimos diminuir índices de criminalidade, bem como retirar das mãos de bandidos armas de guerra", ressaltou a tenente-coronel.
A soldado do Corpo de Bombeiros do Rio, Naiana Freire da Purificação, 32 anos, ingressou na corporação em 2015. Ela ainda sente a reação de surpresa das pessoas quando vai atender algum chamado.
"Nas pequenas coisas a gente vê que culturalmente a sociedade não está acostumada a ver mulheres em determinadas profissões. Às vezes percebo a expressão de surpresa das pessoas quando entro no mar para fazer um salvamento, por exemplo. Por outro lado, fico muito feliz quando meninas me param na praia para falar comigo. É como se eu pudesse mostrar a elas que podem sim ingressar em qualquer profissão, se for da vontade delas. A exaustão mental e física de um treinamento para o corpo de bombeiros é a mesma para mulheres e homens, temos capacidade de estar onde quisermos", afirmou.
A diretora do Departamento-Geral de Polícia de Atendimento à Mulher, delegada Sandra Ornellas, realiza um papel fundamental na vida de mulheres que sofrem violência doméstica. Ela é responsável pelas 14 delegacias especializadas ao atendimento à mulher no estado do Rio (Deams). Delegada há 21 anos, ela está à frente desse departamento desde julho de 2020 e ressalta a importância do serviço que liberta as mulheres de agressores e transforma a história de vida delas.
"É um trabalho que me dá muita alegria e satisfação porque, além de punir os agressores, nossa função também é encorajar essas mulheres. Uma das principais portas de entrada para esse atendimento é da delegacia. Dali elas são encaminhadas para outros órgãos para que tenham o acolhimento necessário. Cada vez mais procuramos acoplar à Deam outros serviços. Agora estamos fazendo uma parceria para a UFRJ para encaminhar as mulheres para cursos, pois sabemos que muitas vezes a vítima não consegue sair do ciclo de violência por dependência econômica, então estamos agilizando esses convênios. Atuar nessa área e conseguir mudar a vida de muitas mulheres é gratificante", disse a delegada.
Outra mulher que desempenha papel de destaque na Segurança Pública do estado é a tenente-coronel Claudia Moraes. Ela é subchefe do Escritório de Programas de Prevenção da Polícia Militar. Entre os projetos está o Programa de Resistência às Drogas (Proerd), voltado para a prevenção primária ao uso de drogas, com uma atuação especializada para o ambiente escolar e a Patrulha Maria da Penha - Guardiões da Vida, voltado para o atendimento a mulheres em situação de violência doméstica com cobertura em todo estado. Em ambos, há forte participação das policiais militares, sobretudo na Patrulha Maria da Penha que conta com quase 50% do efetivo formado por mulheres.
"A presença das policiais na Patrulha Maria da Penha, além de atender a requisitos técnicos, é muito importante, pois é recomendado que mulheres vítimas de violência sejam atendidas por profissionais do sexo feminino, isso porque a maior parte das vítimas se sente mais à vontade para relatar o ocorrido a outra mulher. Além disso, a atuação das policiais na corporação contribui para a visibilidade da presença feminina na PMERJ e funciona como referência, mostrando que mulheres podem ser o que quiserem e que homens e mulheres podem sim trabalhar juntos e em condição de igualdade", afirmou.