A pandemia piorou um cenário já desfavorável para mulheres negras que buscam emprego. A taxa de participação delas no mercado de trabalho reduziu nove pontos percentuais (p.p) entre o primeiro trimestre de 2020 (56%) e o mesmo período de 2021 (47%). Apesar de representar 22,5% da população em idade ativa (acima de 14 anos), elas ocupavam apenas 18% dos postos de trabalho com carteira assinada no primeiro trimestre de 2021.
Os dados foram revelados em um estudo inédito da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS) do Rio. O objetivo da publicação é investigar as desigualdades por gênero e raça no mercado de trabalho no Município do Rio de Janeiro, fornecendo dados para subsidiar o desenvolvimento de políticas públicas de qualidade que possam solucionar a questão.
– Precisamos investir na formação e capacitação dessas mulheres. Estamos desenvolvendo programas de educação financeira e de alfabetização tecnológica. O objetivo é que, no máximo, no início do ano que vem eles possam sair do papel – explica o secretário Chicão Bulhões.
Com o fechamento de escolas, muitas precisaram parar de trabalhar para ficar em casa com os filhos. Além disso, os setores nos quais se concentram, como emprego doméstico, alojamento e alimentação e serviços pessoais, não são possíveis de serem realizados de forma remota. A redução de nove pontos percentuais de participação no mercado de trabalho foi a maior variação entre os grupos. Mulheres brancas tiveram queda de 5,9 p.p, a mesma de homens negros, mas que ocupam um patamar maior (68,9%). Com maior empregabilidade, homens brancos exibiram a menor variação no percentual de pessoas na força de trabalho, 4,3 p.p, chegando a 64,5%.
Já o desemprego das mulheres negras, que era de 17,6% no último trimestre de 2019, chegou a 22% ao longo de 2020. A queda na ocupação ocorreu para todos os grupos socioeconômicos. Porém, foi mais intensa para a população negra, com perda de cerca de 20% do total de ocupados, entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021, enquanto os brancos tiveram redução de 8% (mulheres) e 4% (homens).
O estudo mostra ainda que mulheres negras respondem por 68,2% dos trabalhadores em serviços domésticos no Rio, enquanto representam apenas 15,2% nos setores de informação, comunicação e atividades financeiras e 10,8% nas áreas de administração pública, defesa e seguridade social. A desigualdade também chama atenção no quesito escolaridade, quando 44,6% das mulheres brancas possuem superior completo contra 21,3% das mulheres negras.
Políticas públicas estão em andamento na Prefeitura para o fomento a programas de capacitação em atividades que remuneram mais e que tenham maior empregabilidade. O Programadores Cariocas é um projeto com foco em cursos de programação para jovens com o objetivo de prepará-los para o mercado de tecnologia. Por ser um setor que ainda é predominantemente masculino, o projeto contará com metas para incentivar a formação de mulheres, em especial, mulheres negras.
Pandemia agravou situação de mulheres negras no mercado de trabalho
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