Em um cenário de crescente frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como as chuvas e as ondas de calor que afetaram o Rio de Janeiro nas últimas semanas, blocos de Carnaval da cidade se uniram ao movimento ”As Águas Vão Rolar” e protocolaram, na manhã desta quinta-feira (27/02), uma carta junto à Prefeitura para solicitar medidas adicionais de segurança e ações para minimizar possíveis problemas com os eventos climáticos extremos durante a folia deste ano.
A carta é direcionada também à Comissão Especial de Organização do Carnaval de Rua 2025, em especial às secretarias de Cultura e de Saúde do Rio e à Coordenação Municipal de Defesa Civil.
O pré-Carnaval do Rio, realizado entre os dias 1º e 23 de fevereiro, já teve mais de 1,5 milhão de foliões, de acordo a Riotur. A previsão da Prefeitura é que a cidade atraia cerca de 6 milhões para os blocos até o fim do período de folia.
About Bloco, About Carnaval, Caetano Virado, Charanga Talismã, Cidade Pirata, Ibrejinha, Love Songs, Multibloco, Nova Bad e O Baile Todo são alguns dos mais de 20 blocos que assinam o documento, que conta também com o apoio da Coalizão pelo Clima no Rio de Janeiro e o Instituto Lamparina.
Na carta, o movimento ”As Águas Vão Rolar” ressalta que a intensidade e a frequência de eventos climáticos extremos no Brasil estão em ascensão devido às mudanças climáticas. Previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da agência norte-americana NOAA (sigla em inglês para Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) indicam chuvas abaixo da média, mas com a possibilidade de eventos extremos, além de temperaturas superiores à média para o verão de 2025.
O grupo afirma também que a situação climática atual, com previsões de um verão com temperaturas acima da média, reforça a necessidade de ações efetivas para proteger a vida e a saúde das milhares de pessoas que vão participar ou trabalhar no evento.
Entre as principais recomendações da carta, destacam-se:
Distribuição gratuita de agua: garantir fornecimento de água potável em locais de grande aglomeração, em conformidade com a Portaria nº 35/2023 do Ministério da Justiça;
Preços acessíveis para agua: recomendar que se estabeleça a distribuição e/ou a venda de águas em copo ou garrafa plástica com preço mais barato e acessível em comparação à venda de bebidas alcoólicas fermentadas ou destiladas;
Flexibilidade nos horários: permitir alterações nos horários de concentração, desfile e dispersão dos blocos em caso de calor intenso ou chuvas fortes, priorizando a saúde pública;
Novas datas: propor o adiamento da programação do Carnaval para os dias 15 e 16 de março em situações de calamidade;
Limpeza e gestão de resíduos: assegurar apoio em infraestrutura de banheiros e limpeza pública durante os blocos, além de estabelecer o cumprimento das obrigações previstas no Decreto Rio nº 51.958, de 24 de janeiro de 2023, que dispõe sobre gerenciamento de serviços de limpeza adequados durante os eventos públicos e privados
Gabinete de crise: criar um gabinete que monitore em tempo real as condições climáticas e responda rapidamente a emergências durante o Carnaval.
Além disso, a carta pede por um plano de contingência que não apenas atenda a emergências, mas que inclua medidas permanentes de prevenção.”Estamos solicitando à Prefeitura soluções conectadas à adaptação climática, ao Rio que era 40 e agora está 50 graus, e que precisam ser incorporadas ao Carnaval da cidade, especialmente em um contexto meteorológico cada vez mais desafiador”, explica Maíra de Oliveira, diretora do Bloco Love Songs.
Por Raphael Fernandes - Diário do Rio
Blocos de rua do Rio pedem à Prefeitura gabinete de crise climática durante o Carnaval
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