A educação vem atravessando mudanças históricas quanto ao seu funcionamento. Estratégias têm sido criadas e testadas e o trabalho tem sido de tentativa, acerto e erro. Nunca se aplicou tanto o "errando que se aprende" de Piaget e nessa construção cotidiana a escola vem se desenhando como instituição híbrida para uns, digital para outros, mas com certeza, nunca mais analógica!
A espinha dorsal de uma instituição é constituída pela sua missão, valores e o comprometimento que os colaboradores têm com aquela estrutura, em fazer funcionar e ser viva e produtiva.
A escola tem como documento orientador o projeto político pedagógico (PPP), que sintetiza as necessidades e desejos de uma coletividade, ou seja, a comunidade escolar que é composta por pais ou responsáveis, professores, funcionários, alunos e comunidade local, quem mora no entorno.
Nesse contexto de calamidade que modificou para sempre nossas vidas e expectativas, urge a importância de rever o PPP, pois reflete a identidade desses atores que já não são mais as mesmas.
Reescrever não é tarefa fácil! Ouvir as vozes e ler o silêncio faz parte desse movimento de construção. Cada escola acena de forma diferente no sistema de ensino e essa diversidade requer um olhar personalizado para esta comunidade.
O PPP pós-pandemia deve apontar um passo para a equidade, um olhar para a diferença, com direcionamento para as transformações tecnológicas. Não dá pra voltar ao convívio dos alunos e fingir que nada do que vivemos e atuamos não aconteceu. Não dá para requerer dos estudantes uma postura engessada, quando o que mais fizemos nesses tempos foi estimulá-los a pesquisar, buscar a autonomia e protagonizar suas histórias.
Ressaltamos que neste período educamos os pais também, mostramos nossos planejamentos explícitos e quão somos comprometidos com o nosso fazer pedagógico e a educação dos seus filhos.
Nessa construção social on-line tivemos famílias que aumentaram seus vínculos com as crianças e apoiaram o trabalho escolar e outras que infelizmente não tiveram essa possibilidade, mas queremos voltar nossas ações para aqueles que tão gentilmente apoiaram nossas práticas pedagógicas. Há relatos de todos os tipos, indicativo que nos relacionamentos há pontos de consenso e discórdia.
O fato é: não somos os mesmos, nossos alunos não são os mesmos, nossa comunidade não é a mesma, tudo mudou! O PPP precisa refletir essa beleza e angústia da mudança. Voltemos nossos olhos para dentro, visitemos nossa identidade escolar e a partir dessas reflexões e diálogos formulemos o documento. A palavra de ordem é mudança!
Destacamos o trabalho de uma equipe composta por duas professoras de artes e uma de sala de leitura da Escola Municipal Octavio Frias de Oliveira, no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. As docentes Christiane Queiroz, Fabiana Falcão e Rita de Cássia Gusmão têm realizado com os alunos de forma remota o "Diário da Quarentena" e os temas semanais incentivam o aluno a colocar pra fora seus sentimentos e percepção pessoal do confinamento, bem como as preocupações com o meio ambiente e as diferenças. Ensinar a sentir e pensar é o que as docentes têm realizado brilhantemente. Semanalmente elas se reúnem para elaborar e avaliar o trabalho. Parabenizamos pela criatividade e iniciativa.
Na próxima sexta (25), às 18h, o antropólogo Renan Antônio da Silva dará uma palestra intitulada "Desmistificando os projetos científicos", através de uma transmissão ao vivo, gratuitamente, com o objetivo de ajudar estudantes de graduação e pós a realizarem os seus TCCs, monografias e pesquisas. No Google Meet, oferecida pelo Centro Universitário do Sul de Minas (UNIS).