2020, um ano perdido?

O mundo vive uma mudança de paradigma no campo educacional. O modelo analógico precisou ser trocado de forma imediata, sem aviso prévio e com isso imergiu a necessidade de fazer um ensino de qualidade virtual, que potencializasse o aprendizado dos alunos.

A tecnologia deixou de ser apoio, de correr paralelamente ao fazer educacional, para fazer parte da prática pedagógica, que sem ela não acontece. A tecnologia é a mediação pedagógica dos tempos atuais.

Frequentemente temos ouvido dizer que o ano de 2020 é um ano perdido em termos de aprendizagem, mas temos que apontar que tipo de aprendizagem estamos nos referindo, pois se nosso foco for o presencial realmente este ano não se deu, mas se estivermos mirando a aprendizagem digital esta foi impulsionada no ano corrente.

A aprendizagem informal, que se inicia no lar, também teve seu lugar de destaque, pois muitos pais que delegavam a terceiros a função educativa de seus filhos, tiveram a oportunidade de olhar para dentro e participar ativamente desse processo.

Com a pandemia, a tecnologia que em muitas falas foi vilã, de ser substitutiva do professor, ao contrário, veio para valorizar o papel docente e mostrar a todos que computador sozinho e plataformas são meros instrumentos, que somente quando orquestrados por um maestro podem soar afinados.

Atualmente, a tecnologia é essencial para que a educação aconteça e a escola do século XXI, deve estar alinhada com o novo tempo, em que o jovem é protagonista. O aluno precisa se perceber, olhar pra si e buscar os seus interesses e a partir daí traçar uma trajetória. Essa "nova escola" do "novo normal" passa a ter mais sentido com a vida. A tecnologia nos ajuda a extrair o melhor de cada estudante.

Devemos propor o debate e isso quem faz é o humano, pois os recursos tecnológicos são os meios e não as mentes. Não podemos confundir inteligência artificial (IA) com consciência, isso quem tem é o humano. A crítica quem faz é o humano. Precisamos distinguir os papéis de cada um.

O Ensino Híbrido usa o que tem de bom do presencial, agrega isso e o melhor do remoto. O caminho que cada escola vai construir, é uma tomada de consciência e decisão de cada grupo com suas especificidades próprias.

Arthur Charles Clarke, escritor e inventor inglês, fala que "qualquer professor que possa ser substituído por um computador deve ser substituído". Isso é um chamamento! Não devemos atuar como máquinas, previsíveis, de forma automática, pois as máquinas em sua inteligência artificial esquadrinham as ações e seguem padrões de comportamento que se repetem.

Nós professores, artistas da sala de aula, jamais seremos uniformizados em algoritmos, pois a nossa dimensão educativa passa pela sensibilidade, pela mente criadora e transformadora a cada situação de aprendizagem, a cada criança, a cada turma.

Utilizemos a máquina como valor agregado enriqueçamos a nossa prática e jamais seremos comparados a ela. Adiante!