Por Carolina Ribeiro
O número de queimadas em áreas verdes do Estado aumentou quase 69% no comparativo de janeiro a setembro deste ano com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento do Corpo de Bombeiros. Foram 12.569 incêndios controlados contra 7.455 no mesmo período do ano passado. Só em áreas protegidas, o número de ocorrências saltou de 473 em 2018 para 1.501 casos ( 217%).
De acordo com o Corpo de Bombeiros, os incêndios em vegetação ocorrem, com maior frequência, em períodos de seca, o que é mais comum entre os meses de maio e outubro. As regiões que possuem maior cobertura vegetal, como a Região Serrana, são as mais afetadas no Estado do Rio, no entanto, o número de ocorrências registradas em Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí aumentou de maneira exorbitante.
Totalizando áreas protegidas (AP) - parques, reservas, área de proteção ambiental, etc. - e áreas não protegidas (ANP), o que inclui terrenos baldios e vegetação em geral, a soma de incêndios registrados no Estado entre janeiro e o dia 15 de setembro deste ano (12.569) já ultrapassou o número de casos de todo o ano de 2018, 9.142 incêndios.
Em Niterói, os casos aumentaram 36,11%, saltando de 144 registros entre janeiro e setembro do ano passado para 196 no mesmo período deste ano. Nas áreas protegidas, Niterói havia apenas registrado 11 casos, subindo para 29 este ano. Em todo 2018, foram 187 casos de incêndio na cidade.
São Gonçalo registrou um aumento de 99,07% na quantidade de incêndios registrados no município. A variação foi de 108 entre janeiro e setembro do ano passado para 215 no período deste ano, número superior ao total de 2018, 147 casos. Em áreas protegidas, subiu de quatro para 28 casos.
Em Itaboraí, o aumento foi ainda mais expressivo, de 141,53%. Com poucos casos registrados de janeiro a setembro de 2018 (65), o município teve 157 incêndios em áreas verdes neste ano. Em 2018, foram 93 casos no total. Nas áreas protegidas, o salto foi de dois para 17 casos no comparativo de janeiro a setembro dos últimos dois anos.
Já Maricá apresentou 189 registros de incêndio em vegetação no período do ano passado contra 294 de janeiro a setembro nos últimos dois anos, uma variação de 55,55%. O número total de registro de 2018 (246) também já foi ultrapassado. Similar a Niterói, a cidade teve onze casos de incêndio em áreas protegidas no ano passado e 29 neste ano.
Questionado sobre o aumento exorbitante no número de casos, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que a corporação não apura as causas das ocorrências, apenas atua no combate às chamas e no socorro a vítimas. A extensão da área queimada e as localidades de áreas protegidas não foram divulgados.
O Corpo de Bombeiros recomenda que, embora muitas vezes não seja possível evitar esse tipo de ocorrência (incêndio em vegetação), a população não deve - em todas as épocas do ano - acender fogueiras, queimar lixo no quintal, soltar balões, jogar pontas de cigarro em qualquer ambiente, principalmente nas estradas próximas à vegetação, e jogar garrafas de vidro em áreas florestais e em beira de estrada, que podem funcionar como lente de aumento para os raios solares, gerando calor.
Durante o treinamento dos agentes, ainda na formação básica, os militares do Corpo de Bombeiros recebem instruções teóricas e práticas sobre as especificidades e métodos de combate a fogo em vegetação. Além disso, o CBMERJ possui o Curso de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, que é realizado no 1º Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente, no Alto da Boa Vista, com a duração de três meses e meio, e que visa especializar bombeiros de todo o estado para atuarem nas ocorrências de incêndios florestais.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) - responsável por proteger, conservar e recuperar áreas de proteção ambiental do Estado, entre outros - registrou 97 queimadas nas unidades e nas zonas de amortecimento de janeiro até julho deste ano, contra 65 casos no mesmo período do ano passado, um aumento de 49%. O aumento, conforme explicou o Inea, pode estar relacionado às condições climáticas notadas no início deste ano, com períodos de tempo seco nos meses de janeiro e fevereiro.
Em relação às áreas protegidas, o instituto ressalta que as principais causas de incêndios são a queima para limpeza (na agricultura e nas pastagens); balões; cigarros; queima de lixo; fogueiras em acampamentos, caças e pescarias predatórias; e raios. Os pontos mais suscetíveis aos incêndios são os trechos ocupados por vegetação herbácea, arbustiva e gramíneas, sobretudo próximas a assentamentos urbanos e agropastoris, em áreas rurais.
De acordo com o Inea, em suas unidades de conservação, foram registradas queimadas, na maioria dos casos, em pastagens e não em florestas. Os guarda-parques atuam na prevenção, educação ambiental e combate às queimadas, principalmente em pastagens, o que é imprescindível para evitar que as chamas se alastrem para as florestas.