Moradora do Morro do Preventório, em Charitas, Pamela Conceição da Silva, de 19 anos, não escondia o nervosismo na tarde desta segunda-feira (18) antes do início da primeira prova do curso de administração do Niterói Jovem Eco Social, desenvolvido pela Prefeitura de Niterói em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Como os outros jovens das 11 comunidades que o projeto atende, ela tem um sonho: o de um futuro melhor.
“É muito gratificante participar deste projeto pois ele vai me auxiliar a realizar um dos meus sonhos, que é me capacitar, conseguir um bom emprego e ajudar a minha mãe”, explica a jovem. “Muitos diziam que eu não conseguiria, mas estou aqui, aprendendo e estudando, fazendo a primeiras provas, me aperfeiçoando cada vez mais. Nós, jovens de comunidades, sofremos muito preconceito, nos colocam como pobres coitados ou como bandidos, mas o que queremos são oportunidades como essa”.
Como os outros 400 jovens com idades entre 16 e 24 anos, ela recebe bolsa-auxílio no valor de R$ 750 mensais, além de vale transporte e lanche nos dias de aula. Com um mês de aula, a jovem já está totalmente ambientada aos colegas e ao espaço das aulas teóricas. No caso dela, as aulas estão acontecendo na sede da Firjan Leste Fluminense, no Centro da cidade. Outras turmas têm aulas no Barreto.
Todos os cursos são ministrados e certificados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Niterói nas seguintes áreas: eletricista de automóveis; mecânico de motocicletas; mecânico de motores Ciclo Otto; auxiliar de padaria e confeitaria; auxiliar de cozinha; pizzaiolo; instalador hidráulico residencial; assistente administrativo; montador e reparador de computadores; costureiro industrial de vestuário; confeccionador de bolsas em tecidos.
Os jovens, além de participarem dos cursos técnicos, realizarão atividades de campo como agentes de reflorestamento em suas comunidades. O projeto faz parte do Pacto Niterói Contra a Violência.
Daniele Rodrigues Custódio, de 23 anos, é mãe de gêmeas de três anos e também mora na comunidade do Preventório. Seu objetivo é abrir uma confecção, após concluir o curso de costureiro industrial do Niterói Jovem Ecosocial, e poder dar um futuro melhor para as filhas.
“Estou ansiosa com a primeira prova, mas tenho certeza de que, se nos esforçarmos, iremos longe. Muitas oportunidades já se fecharam para mim porque existe preconceito contra moradores de comunidade. Muitos dizem que não somos interessados ou não teremos futuro. Querem nos inferiorizar, mas o jovem de comunidade tem talento. Aqui estamos vendo um futuro. Em meu nome e dos meus colegas, agradeço a oportunidade”, disse Daniele.
Entre os objetivos do projeto estão a oportunidade de capacitação técnica profissionalizante para elevar o potencial de empregabilidade dos participantes; a recuperação de ecossistemas, através da prevenção de erosão superficial e da ocupação de áreas de risco; o aprimoramento das competências pessoais com capacitação profissional e inclusão social.
O Niterói Jovem Ecosocial tem como foco jovens das comunidades do Preventório, Holofote, Vila Ipiranga, Cavalão, Vital Brazil, Sousa Soares, Santo Inácio, Morro do Céu, Morro do Arroz, Morro do Estado e São José.
Novos caminhos
Ao entrarem nesta segunda-feira (18) na sala de aula para realizarem a prova, a turma de administração encontrou uma mensagem no quadro, escrita pela professora Jheniffer dos Santos Pacheco Salgado: “Antigos hábitos não levam a novos caminhos!”
“Eles precisam de estímulo. É a oportunidade que estavam precisando e se agarraram com força. Muitos têm uma vida sofrida e buscam um novo caminho”, observa a professora.
O subsecretário Executivo da prefeitura e gerente do projeto, Anderson Pipico, destaca que a Prefeitura de Niterói está investindo na preparação do jovem para o mercado de trabalho, incentivando a qualificação profissional, especialmente para os que estão em situação de vulnerabilidade social.
“Estamos contribuindo, na prática, para que esses jovens conquistem um futuro melhor. A educação é o caminho. Estamos vendo o empenho e dedicação dos alunos e já estamos estudando a ampliação do projeto para outras comunidades”, revela.
Eco Social: 400 alunos de projeto da Prefeitura completam um mês de aula
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