Bloco em Brasília critica capacitismo e reforça direitos das PCDs

Por Redação

Deficiente é a Mãe mobiliza o carnaval de foliões com deficiência

Há 13 anos, a historiadora Lurdinha Danezy Piantino utiliza o carnaval como meio de mobilizar as pessoas com deficiência (PCDs) para saírem de casa nos dias de folia em Brasília. É o carnaval também a forma que ela encontrou para chamar atenção da sociedade em favor das PCDs e contra o preconceito que as trata como fora do padrão tido como normal, inferiores e incapazes – o chamado “capacitismo”.

“A gente costuma dizer que a deficiência da pessoa é apenas uma das características dela”, ressalta Lurdinha

Com humor, ela tenta reverter comportamentos. O nome do bloco é “Deficiente é a mãe.”

Segundo Lurdinha, trazer pessoas com deficiência para brincar carnaval exige um trabalho bem grande. Isso porque os espaços sociais costumam ser excludentes e por isso são pouco frequentados por PCDs.

Para um cadeirante, por exemplo, deslocar-se no carnaval pode significar esperar por muito tempo um ônibus que pare e acione o elevador hidráulico para subir, ou ter a sorte de conseguir um motorista de aplicativo que tenha boa vontade de transportar a pessoa com deficiência no banco da frente, no banco de trás é mais difícil a entrada e conforto.

Ao chegar no local, o cadeirante poderá perceber que o piso, sem conservação, é irregular e esburacado, e ainda faltam rampas de acesso. Se a PCD é cega, também terá dificuldades como a ausência de piso tátil ou placas em braile. Se um surdo estiver sozinho, talvez não encontre quem possa auxiliar comunicando-se em libras.

Nós existimos
Para o advogado Gerson Wilder de Sousa Melo, as cidades brasileiras – mesmo Brasília, que foi planejada - padecem de algum “capacitismo arquitetônico” e de certo “capacitismo atitudicional”, que no carnaval afugenta foliões com deficiência.

“Nós somos alegres. O carnaval é uma forma de expressão cultural muito peculiar no nosso país. Estamos aqui para dizer que ‘nós existimos’, que ‘nós queremos conviver’ e que ‘nós temos a capacidade e eficiência de estarmos na rua’”, diz Gerson.

Gilberto Costa - Repórter da Agência Brasil