Unidos de Padre Miguel anuncia desfile para a comunidade enquanto aguarda resposta sobre rebaixamento

Ainda sem uma resposta oficial sobre seu questionamento ao rebaixamento para a Série Ouro, a Unidos de Padre Miguel (UPM) decidiu reafirmar sua força e compromisso com o samba. A escola anunciou que realizará um desfile especial para a comunidade nesta sexta-feira (14/03), a partir das 21h, no Ponto Chic, em Padre Miguel.

O evento, descrito como um presente para os moradores da Vila Vintém e para os sambistas que apoiam a agremiação, foi confirmado pela diretora de Carnaval, Lara Mara.

“Esse desfile é um presente para nossa comunidade e para todos os sambistas que estão ao nosso lado. Independentemente de qualquer situação, a Unidos de Padre Miguel segue forte e unida, mostrando a nossa garra e o amor pelo samba” afirmou Lara.

Escola contesta rebaixamento e denuncia racismo religioso
Na noite desta última terça-feira (12/03), a UPM divulgou um novo comunicado nas redes sociais reafirmando sua reivindicação de permanecer no Grupo Especial. A escola, que terminou em último lugar na apuração e foi automaticamente rebaixada, afirma que o resultado foi injusto. A nota menciona problemas técnicos no sistema de som da Marquês de Sapucaí, que teriam comprometido sua apresentação por 17 minutos, impactando diretamente a avaliação dos jurados.

Além disso, a escola considera um gesto de racismo religioso a perda de décimos no quesito samba-enredo. A jurada Ana Paula Fernandes descontou pontos sob a justificativa de que a letra continha expressões excessivas em iorubá, língua associada às religiões de matriz africana.

“Qualquer tentativa de silenciamento ou apagamento cultural deve ser punida com rigor”, destacou a nota da escola.

Outro ponto levantado pela UPM é a falta de acesso ao laudo técnico sobre os problemas na sonorização da Avenida, documento que a escola considera essencial para esclarecer os fatos e garantir transparência no julgamento.

“O enredo da UPM celebrou a ancestralidade afro-brasileira e a herança sagrada do Candomblé, e não aceitaremos que o racismo religioso seja normalizado em um espaço que deveria ser de exaltação da diversidade”, reforçou o comunicado.

Liesa reconhece julgamento preconceituoso
O posicionamento da Unidos de Padre Miguel vem ganhando mais força após o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David, admitir que o julgamento teve caráter preconceituoso. A declaração trouxe esperança para a agremiação, que espera reverter a decisão.

A Liesa ainda não definiu uma data para a plenária que discutirá o requerimento da UPM, mas a expectativa é de que todas as escolas do Grupo Especial participem da deliberação.

 Por Victor Serra - Diário do Rio