É (muito) cedo para dizer que o Fluminense tem "a cara de Renato Gaúcho". Contratado na última quinta-feira, o próprio comandante admitiu que teve pouco tempo para treinar. Por isso, não dá para colocar o sufoco para vencer o Bragantino por 2 a 1, neste domingo, no Maracanã, na sua conta. De certo modo, a atuação tricolor com tempos distintos soa como um exemplo para os próximos jogos, já que Portaluppi pôde observar boa parte do quRenato teve dois treinos para conhecer a equipe.
Não trocou peças, admitiu que queria preservar o entrosamento dos jogadores e procurou não mexer na estrutura — o que será necessário com o passar do tempo, diga-se. Se é possível citar um inicial "dedo do treinador", vimos um Fluminense mais aproximado. A forma de atacar aconteceu de maneira mais fluída, com mais jogadores presentes no campo ofensivo, mesmo que isso deixasse espaços atrás. Futebol também é correr riscos.e há de positivo e negativo disponível.
Mentalmente, se Renato é conhecido por manter um bom ambiente e dar confiança aos jogadores, o maior beneficiado foi o meia Lima, autor do primeiro gol na partida. Atuando mais à frente, foi destaque. Aqui, vale o destaque para Martinelli, autor do gol da vitória, que foi vaiado pelos torcedores mesmo não sendo um dos piores em campo. O técnico terá trabalho para mantê-lo mentalmente forte.
De negativo, o sufoco do segundo tempo passa pela falta de tempo que Renato teve para encontrar soluções. O Bragantino mereceu o empate e já era superior desde quando fez as suas primeiras substituições na partida. Fernando Seabra, com mais domínio do material que tem em mãos, aproveitou o aprendizado de Renato. Se não fosse pelo gol salvador de Martinelli, teria custado dois pontos na tabela.
Como já citado, o jogo mais aproximado fez o Fluminense ter ótimos primeiros 25 minutos. Basta ver os lances de perigo. Na primeira oportunidade, Hércules mostrou confiança para entrar na área e teve a companhia de Arias para tabelar e acertar a trave. Minutos depois, Cano atraiu a marcação e acertou um lindo passe para Canobbio, que desperdiçou de cara para o gol e se tornou o primeiro a ter que ver o DVD de Portaluppi.
Essa proximidade foi premiada no gol de Lima, que abriu o placar. Boa troca de passes com Canobbio e, em mais um sinal de confiança, teve tranquilidade para driblar o goleiro e tocar para as redes. O meia, inclusive, foi outro jogador comparado com o que se apresentava com Mano Menezes.
Para não ficar só nos elogios, a defesa segue sendo um problema, principalmente pelo lado esquerdo. O Bragantino explorou muito o espaço deixado por Renê e Freytes, que mostraram dificuldade para atuar juntos — e que vão precisar de uma grande adaptação para funcionarem melhor. Alguns contra-ataques assustarem, mas o Fluminense foi para o intervalo sendo dominante e superior.
Na volta para o segundo tempo, no entanto, o nível caiu. Foi o momento que o Fluminense sentiu mais falta de ter Renato por mais tempo. Isso porque o Bragantino mexeu, tirou a bola do Tricolor, arrumou a sua marcação e passou a assustar mais. Fábio teve que fazer boas defesas para evitar o empate.
As entradas de Lucas Barbosa e Henry Mosquera empurraram o Fluminense para trás e travaram a saída de bola. Problema este visto diversas vezes com as equipes de Mano Menezes. O Fluminense ainda perdeu Guga, lesionado, o que fez o entrosamento diminuir. Perdeu força no ataque, não conseguia criar oportunidades e era sufocado na defesa. Por 20 minutos, parecia questão de tempo o empate.
Como solução, Renato fez as suas trocas: Ganso, Keno e Everaldo. O camisa 10, inclusive, foi ovacionado pelos torcedores no Maracanã. Ele voltou a atuar após mais de quatro meses parado devido a miocardite. A falta de ritmo e a péssima entrada de Eve pesou. Depois, Bernal foi chamado. Quando Isidro Pitta empatou, era difícil dizer que não foi merecido.
Então, vieram as vaias e aquelas situações que apenas o futebol explica. O Fluminense, que pouco leva perigo em bolas paradas, conseguiu uma boa finalização com Thiago Silva. Na sobra, após a defesa do Bragantino salvar em cima da linha, a bola apareceu para Martinelli, que estava sendo fortemente vaiado pelo torcedor. Virou herói. A vitória acabou se desenhando de maneira simbólica.
Renato Gaúcho já sabe o caminho: terá que potencializar o primeiro tempo e corrigir o segundo se quiser ter uma boa passagem pelo Fluminense.
Por Marcello Neves — ge -Rio de Janeiro
Análise: Fluminense faz tempos distintos e mostra a Renato o que há de bom e ruim em reestreia

Treinador tem pouco tempo para trabalhar, não faz alterações nas peças, e se divide entre boa atuação na primeira etapa e sufoco na segunda - Foto: Marcelo Gonçalves/Flminense F.C
Tpografia
- Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
- Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo Leitura