![]()
Parentes e amigos se despediram do jurista, que foi velado no plenário da Câmara de Vereadores de Niterói
Lucas Benevides
Amigo, inteligente, sábio, visionário... Foram tantos os adjetivos citados por amigos e parentes do ex-presidente do Tribunal de Justiça e ex-secretário de estado Jorge Fernando Loretti, que morreu nesta sexta-feira (13), aos 91 anos. O corpo foi velado no plenário da Câmara de Vereadores de Niterói. O prefeito Rodrigo Neves decretou luto oficial de três dias. O sepultamento de Jorge Loretti será realizado neste sábado (14), às 9h, no Cemitério de São Francisco Xavier, no bairro de Charitas.
A trajetória do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro foi lembrada pelo chefe do Executivo niteroiense, que se referiu ao profundo conhecimento de Loretti sobre a história de Niterói e do antigo Estado do Rio de janeiro. Destacou também a personalidade amável do desembargador, que sempre foi uma referência positiva de nossa cidade.
Para a primogênita de Jorge, Cláudia Loretti, o pai foi um exemplo de sabedoria. Visionário como poucos, o advogado encarava os problemas da vida como ponte para um futuro melhor.
“Meu pai sabia como viver. Era um homem de um humor invejável, um exemplo de sabedoria e pude conviver com isso em casa e depois trabalhando ao lado dele. Não existia derrota para o meu pai, porque ele sempre transformava em luta para vencer. Ele deixou um legado”, disse ela, bastante emocionada.![]()
Morre, aos 91 anos, o intelectual Jorge Fernando Loretti
Foto: arquivo
Quem também esteve no velório foi o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS). Emocionado, o parlamentar disse que Jorge Loretti era um homem com uma capacidade à frente do seu tempo.
“O que mais me chamava atenção era a sua memória impecável. Jorge era completamente inteligente, com capacidade de aglutinação como poucos. Niterói perdeu um patrimônio”, lamentou.
Jorge Loretti deixou três filhos, cinco netos e quatro bisnetos. Os netos, por sinal, lamentavam a morte do avô e em diversos momentos relembravam histórias do “herói”.
“Jorginho teve uma vida multifacetada. Sua capacidade de tomar decisões políticas sempre foi exemplar. Sua partida deixará uma lacuna em Niterói. Não perdi apenas um colega de trabalho. Eu perdi um grande amigo”, lamentou o desembargador e ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado Marcus Faver.
Jorge também foi um dos intelectuais mais importantes de Niterói, com passagem pela presidência da Academia Niteroiense de Letras. De acordo com o livreiro Carlos Mônaco, a morte de Loretti é uma grande perda.
“Ele foi um dos mais respeitados, orador de primeira. Foi homenageado como intelectual do ano pelo Grupo Mônaco de Cultura em 2008. Perdemos um gigante”, comentou Mônaco.
O presidente da Câmara de Vereadores de Niterói, Paulo Bagueira, também lamentou a morte do desembargador e lembrou que ele foi servidor da Câmara de Niterói até 1980.
“É uma grande perda para Niterói e o Estado do Rio. Foi um brilhante político e homem público do mais elevado gabarito, tendo emprestado a sua inteligência em diferentes momentos desta Casa Legislativa”, disse.
Excelente oratória e inteligência
Nascido no Rio de Janeiro em 25 de agosto de 1924, o desembargador Jorge Fernando Loretti foi presidente do Tribunal de Justiça e secretário de Estado em vários governos. Líder estudantil, advogado, político, professor e conselheiro universitário, era dono de admirável oratória, tão bem conhecida por gerações que com ele tiveram oportunidade de se deparar.
Sua memória era prodigiosa: nomes, datas, episódios, contextos, nada passava sem ser digno de registro pelo jurista.
Foi aluno do Colégio Salesiano Santa Rosa e do Liceu Nilo Peçanha. Antes de se formar em Direito, trabalhou na Rádio Clube Fluminense, em Icaraí, que funcionava na Rua Pereira da Silva, onde conheceu o apresentador que se tornaria um fenômeno na televisão, Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Com uma carreira brilhante na política e na justiça do Estado do Rio, Jorge Loretti foi secretário da Casa Civil do governador Roberto Silveira, ainda no antigo Estado do Rio, além de ter sido secretário dos governos Badger Silveira e Marcello Alencar, esse último após a fusão. Exerceu ainda os cargos de secretário de Justiça e secretário de Administração.
Como desembargador, presidiu o Tribunal de Justiça do Estado e o Tribunal Regional Eleitoral, o Conselho de Magistratura do Estado e a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro. Foi um dos intelectuais mais importantes de Niterói, com passagem pela presidência da Academia Niteroiense de Letras.
?
Foi ainda examinador de concursos públicos para a magistratura, para a Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro e para a Procuradoria do Município do Rio de Janeiro, bem como integrou bancas examinadoras de concursos para professor titular, por exemplo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Morre, aos 91 anos, o desembargador Jorge Loretti
Tpografia
- Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
- Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
- Modo Leitura