Conforto espiritual

Entretenimento
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Peça leva à reflexão do público ao tratar da vida após a morte, a partir do desencarne da jovem Patrícia, de 19 anos, vítima de um AVC.

Foto: Divulgação

A curiosidade em torno do que acontece após a morte é grande e rende diversas versões, de diferentes religões. Na doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, acredita-se na reencarnação e na vida após a morte. Segundo a doutrina, é dada a oportunidade a alguns espíritos que vivem nas colônias para que descrevam, a médiuns, como vivem e o que fazem por lá. “Violetas na Janela”, livro psicografado pela médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, de autoria do espírito “Patricia” é  um exemplo dessa crença. Sucesso desde sua publicação, em 1993, o romance espírita foi adaptado, em 1997, pela atriz Ana Rosa Guy Galego e de seu falecido marido Guilherme Corrêa. A peça chega a Niterói nessa sexta (14), para curta temporada. As sessões acontecem as sextas e sábados, às 20h30 e domingos, às 19h30, até 23 de outubro no Teatro Abel.

Na história, “Patricia” é uma menina de 19 anos, que desencarnou em casa devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A menina e a família sempre foram espíritas e, por isso, foi mais fácil para ela entender o processo de desencarne. Após se adaptar, a jovem conhece a cidade, faz cursos, passa a trabalhar ajudando no centro espirita de seu pai, até que é convidada a narrar sua história por intermédio de sua tia Vera Lúcia, também presente nas narrações.  A atriz Ana Rosa relembra que conheceu a história depois do falecimento de sua filha de 19 anos, em 1995. Espírita há muito tempo, a família recebeu o livro de três vias diferentes: um livro foi dado para ela, outro para o marido e um terceiro para outra filha, o que serviu de consolo e ajuda para superar o trauma. Dois anos depois, a atriz recebeu o convite para fazer um evento que angariasse fundos para o centro espírita que frequentava, algo frequente no local. “Achei muita coincidência ganharmos três exemplares da história nesse período conturbado, e por isso, pensei em uma adaptação para uma peça, mas a ideia era que fossse algo apenas para os afiliados. Pedimos autorização da editora e da médium e começamos a ensaiar. Ficou tão emocionante, que nosso presidente decidiu transformar em algo profissional”, conta.

A adaptação e direção ficou por conta de Ana e Guilherme, os únicos artistas do grupo, e a produção por conta do centro. A estreia foi no Teatro Vanucci, e o espetáculo ficou em cartaz por nove meses, e depois de um tempo, o grupo do centro se afastou e o casal ficou a frente de toda a peça. Em sua terceira montagem, após 19 anos de criação, o espetáculo recebe todos os públicos. De acordo com Ana, tem os que já leram o livro, os que já ouviram falar, e os que conheceram através da peça.
“Sempre pergunto no final quem já conhecia a história e 80% da plateia já tinha lido o livro antes. É um espetáculo que agrada muito, tem música, um elenco de 15 atores. Muita gente entra no facebook da peça e nos pede para ir à sua cidade”, comenta a atriz.

avó reencontra a neta no plano espiritual e se conforta

Foto: Divulgação

Na adaptação, Ana Rosa vive a avó de Patricia, Amaziles, que reecontra a neta no plano espiritual. Entretanto, por serem muitos personagens, todos se revezam e interpretam mais de um. Desde a criação, a única mudança nas montagens foi no elenco. Texto e direção são de Ana Rosa “As pessoas esperam o fim do espetáculo e nos dizem como estão emocionadas. Serve como uma reflexão para elas, principalmente para aqueles que perderam um ente querido recentemente. O texto leva a isso, a se decidir se existe ‘alguma coisa’ ou não depois da morte. Indepentende se existir ou não, nossa responsabilidade enquanto estamos aqui é ensinar sempre”, afirma a diretora e adaptadora.     
Ana Rosa recorda-se que quando a filha desencarnou já era espírita e por esse motivo, sente que não aprendeu alguma doutrina nova, mas o que fez diferença para ela foi exercitar no palco a narrativa. “É diferente ler e saber sobre a história, de interpretar e passar pela dor, pela perda. Foi uma ajuda muito grande depois que ela se foi. O curioso é que nem todos os atores são espíritas e quando  estreamos a atriz que fazia o papel da psicógrafa era evangélica, então não é necessário que seja espírita para gostar. A peça não pretende mudar o pensamento de ninguém, pretendemos demonstrar um espetáculo lúdico, bonito e que as pessoas sintam”,  finaliza.

No papel de Patricia está Yasmim Bublitz, filha do ator e humorista Dedé Santana. A menina já conhecia a história por meio do livro, mas nunca tinha visto a peça. Ana Rosa é mãe da meia -irmã de Yasmim, e sabendo que ela é atriz, a convidou para o  teste. “Ela me chamou para ensaiar com eles, e achavam que eu tinha o perfil da Patricia. Uma menina de 19 anos, morena, cabelo comprido, parecida com ela. Conversei muito com a Ana para criar a personagem, assisti outros filmes espíritas e também li outros livros”, conta Yasmim. A jovem acredita que a peça é um conforto por ser didática e mostrar o que acontece com os espíritos quando desencarnam e como é preciso sempre fazer o bem para outras pessoas. 

O Teatro Abel fica na Rua Mário Alves, 2, em Icaraí, Niterói. Estreia nessa sexta (14), às 20h30. Sextas e sábados, às 20h30 e domingo, às 19h30. Até 23 de outubro. Preço: R$ 60 (sexta e domingo), R$ 70 (sábado). Desconto especial de 50% para estudantes, maiores de 60 anos, deficientes físicos ou para quem doar uma lata de leite em pó.  Censura: Livre. Telefone: 2195-9800.