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Lançamento do livro será na Câmara Municipal de Niterói
Foto: Lucas Benevides
Fundada pelo imigrante italiano Silvestre Mônaco, a Livraria Ideal fez e ainda faz parte da história de Niterói. O estabelecimento servia como ponto de encontro entre os grandes intelectuais e personalidades da cidade, que se reuniam para discutir e debater novas ideias. Em 2016, prestes a completar 81 anos, a livraria ganhou uma homenagem de Juber Baesso, que lança seu livro “Livraria Ideal: história de um ponto de encontro dos intelectuais de Niterói”, na próxima segunda-feira, dia 20, às 18h, na Câmara Municipal de Niterói.
A história da livraria começou por uma paixão do imigrante italiano Silvestre Mônaco. Buscando construir uma vida no Brasil, chegou a Niterói como engraxate em 1922, e, em 1935, retornou à cidade com seu pai para abrir uma engraxataria. Naquele ambiente também inauguraram um pequeno espaço que vendia literatura de cordel. A ideia da livraria chegou um pouco mais tarde, em 1946, quando Silvestre deixou a engraxataria sob o comando de seu irmão e decidiu se dedicar ao ramo cultural. Além da Livraria Ideal, o imigrante criou em parceria com Carlos Couto, com o jornalista e escritor Luis Antônio Pimentel, com o político Roberto Silveira e com o poeta Sávio Soares de Sousa o projeto “Amigos do Livro”, em 1959, que agitava a vida literária da cidade com suas “manhãs de autógrafos” aos domingos.
Rapidamente, o estabelecimento se consolidou como um dos principais centros culturais de Niterói. O contato de Baesso com a livraria já acontecia graças aos estudos, porém, foi sua amizade com Pimentel que fez o advogado-poeta mergulhar no ciclo intelectual da cidade e frequentar a Livraria Ideal.
“Conheci Pimentel na casa de uma escritora niteroiense em 2005. Ele era um sujeito de voz forte, e, no auge de seus 95 anos, ainda muito articulado e engraçado. Em 2010, o reencontrei em uma homenagem. Ele se lembrava de tudo daquele primeiro encontro e, como ele foi o último presidente do Grupo Mônaco de Cultura (antigo ‘Amigos do Livro’), comecei a vir mais vezes à livraria”, conta o autor.
O livro conta também sobre o prêmio “Intelectual do Ano”, criado pelo Grupo Mônaco de Cultura, que, desde 1987, prestigiava grandes personalidades do âmbito político e cultural da cidade. O primeiro homenageado foi o jornalista visionário Alberto Francisco Torres, ex-presidente de O FLUMINENSE. A premiação não tinha objetivo de continuar, mas o sucesso de público foi tão grande que ela permanece até hoje. No ano de 2006, Carlos Mônaco, filho de Silvestre Mônaco e dono da livraria desde 1973, deu continuidade à premiação. Ao todo, 29 intelectuais já ganharam o título, a mais recente foi a escritora e poeta Márcia Maria de Jesus Pessanha, no ano passado.
Uma aventura de um imigrante italiano se tornou um dos principais expoentes da cultura de Niterói e completa mais de oito décadas. Seu filho, Carlos, que agora assume a livraria, não esconde o orgulho.
“A Livraria Ideal já recebeu grandes personalidades como José Cândido de Carvalho, Marcos Luchesi e Marco Almir Madeira, que são da Academia Brasileira de Letras. E não vinham só autores. O cantor Nelson Gonçalves, o ator Grande Otelo e a ex-Miss Brasil Terezinha Morango também já estiveram aqui”, conta Carlos Mônaco.
O espaço, hoje, localizado na Rua Visconde de Itaboraí, chama a atenção pela quantidade de livros antigos e usados, além de novidades dos escritores niteroienses. A simpatia de Mônaco também ajuda a atrair mais clientes ou até admiradores, que querem fazer parte daquele ambiente e entender um pouco mais da história da Ideal e do impacto que ela promoveu na cidade.
O papel da livraria – O mercado editorial brasileiro está em constante crescimento, prova disso são os dados da última pesquisa “Retratos da Leitura”, promovida pela Fundação Pró-Livro e o Instituto Ibope Inteligência. O número de leitores aumentou de 50% (2011) para 56% (2016). Para Baesso, a principal justificativa do aumento de leitores veio da facilidade do digital.
“Com a evolução tecnológica, as pessoas passaram a ler bem mais. Os livros foram publicados de forma eletrônica, e, com isso, muita gente compra um tablet e lê por ali. A preferência continua sendo pelo livro físico, mas o digital ajudou nesse aumento de número de leitores”, argumenta.
A pesquisa ainda mostra que 44% dos leitores preferem comprar em livrarias físicas. Essa nova “onda” de leitores serve também para trazer um público que não vinha à livraria, retomando seu papel como ponto de encontro. As livrarias são, hoje, mais que lojas, ganharam uma conotação política. São, assim como a Livraria Ideal, um lugar para comprar livros e refletir sobre a ideia trazida por eles.
Um espaço para refletir
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