Bromélia: há controvérsias

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O líquido que fica no copo da planta, formado pelas folhas, é um suco biológico que não é atraente para o Aedes aegypti

Foto: Divulgação

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2015, o Brasil chegou a um milhão e meio de casos de dengue entre janeiro e dezembro. Enquanto isso, aumentou também o temor em relação ao mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão, ainda, do Zika vírus e da chikungunya. E, em época de mosquito atacando, a atenção aos locais com presença de água parada deve ser ainda maior. Por reter água em suas folhas, chegou-se a especular sobre a possibilidade de bromélias serem um potencial foco do mosquito. Os especialistas, contudo, garantem que não é o caso. 

Segundo estudo do Instituto Oswaldo Cruz, em locais de interface entre o ambiente urbano e silvestre – como parques e encostas de morros –, as bromélias não têm um papel importante na proliferação do Aedes aegypti. O líquido que fica no copo da planta, formado pelas folhas, é um suco biológico que não é atraente para o mosquito. O segundo motivo é que a planta comercializada não vai com água nenhuma e a produtora recomenda não manter água no copo para que a planta floresça mais. 

“Mesmo se a pessoa deixar água no copo da planta, ela vai continuar liberando as enzimas para poder absorver o alimento. A água mantida no copo é absorvida pela planta e suprida com nutrientes”, explica Carlos Marangon, gerente de produção da Ecoflora, produtora nacional de orquídeas e bromélias. 

Com os perigos esclarecidos, por que não investir em uma planta simples de cuidar? Resistentes, por conta de seu sistema de absorção de água e nutrientes, as bromélias são plantas epífitas – apoiam-se em outros vegetais para obter mais luz e ventilação –, terrestres ou rupícolas (crescem em pedras). Em um universo de mais de três mil espécies, sendo que 43% são nativas do Brasil, é difícil traçar qual tratamento cada uma deve receber especificamente. 

As bromélias podem, por exemplo, ser resistentes ao sol, passíveis de ser cultivadas nos jardins, e também viverem bem na sombra. Uma boa forma de tentar identificar qual é a bromélia que você tem em casa é recorrer à internet. Por lá é possível encontrar galerias de fotos para reconhecer o gênero da planta. Caso não consiga reconhecer qual é a sua, aí vai uma boa notícia: algumas instruções gerais podem auxiliar quem está começando agora a cultivá-las mas não sabe bem o que fazer. 

Com mais de três mil espécies, sendo 43% nativas do Brasil, as bromélias são resistentes e vivem bem no sol ou na sombra

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Segundo o engenheiro-agrônomo Patrick van de Weijer, colocar a bromélia em um local ventilado e com bastante luz indireta é o primeiro passo. Na hora de regar, o substrato deve ficar levemente úmido, mas não pode ter água parada no prato, já que o excesso de água leva ao apodrecimento das raízes e, consequente, à morte da planta. Ao contrário das orquídeas, que devem ser podadas com frequência, as bromélias não podem ser podadas, e apenas as folhas secas devem ser retiradas. A instrução é que a adubação seja foliar, o que quer dizer que o produto deve ser pulverizado somente nas folhas. 

“A adubação pode ser feita com adubo foliar seguindo as instruções do fabricante. As bromélias são muito resistentes às pragas, mas caso apareçam é sinal de que elas não estão se adaptando ao meio”, explica o engenheiro. 

Com os termômetros marcando altas temperaturas, é recomendável manter a atenção redobrada nos períodos de rega da planta. Enquanto no inverno a instrução é de que elas sejam regadas uma vez, no verão é recomendável que essa periodicidade seja redobrada.

“Nos dias muito quentes, quando a umidade do ar estiver muito baixa, sugerimos pulverizar as bromélias com água. E manter o substrato levemente úmido, molhando duas vezes por semana, mas sem deixar água parada no pratinho, já que isso pode levar ao apodrecimento das raízes”, explica.

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