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A lente usada na ortoceratologia é produzida de acordo com o formato anatômico da córnea do olho do paciente
Foto: Freepik.com
A miopia é um dos problemas oftalmológicos mais comuns no mundo. A estimativa é de que pelo menos 1/4 da população mundial tenha miopia. Um dos meios usados pela oftalmologia para corrigir e estabilizar o problema de visão é a lente de contato. E, com isso, foi desenvolvida a técnica chamada ortoceratologia, que vem sendo aplicada no Brasil e consiste na criação de uma lente moldada de acordo com a córnea do paciente. O tratamento se difere dos demais, uma vez que o paciente faz uso da lente à noite, na hora de dormir, e remove pela manhã ao acordar.
O procedimento é mais usual nos Estados Unidos e em países asiáticos. Entretanto, de acordo com documento divulgado em julho deste ano pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a ortoceratologia tem sua eficácia comprovada cientificamente. Segundo o chefe do Serviço de Oftalmologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ricardo Neves, a ortoceratologia já vem sendo usada pelos oftalmologistas há um tempo.
“A questão é que ela não é um tratamento muito convencional”, diz Neves se referindo à técnica como uma terapia temporária e de correção transitória. “Apesar de o paciente não usar óculos ou lentes durante o dia, o tratamento é passageiro, a partir do momento em que ele para de usar as lentes e o problema continua. Se fosse um tratamento definitivo, a cirurgia não seria mais necessária”.
De acordo com o oftalmologista Paulo Polisuk, o tratamento é mais indicado para adolescentes que tenham recorrência de miopia na família.
“A ortoceratologia tem o objetivo de controlar e desestimular o avanço da miopia. Apesar de todos poderem fazer uso, ela é mais indicada para os jovens, na intenção de que o problema não progrida com o avançar da idade”, explica Paulo Polisuk.
A lente usada na ortoceratologia é produzida de acordo com o formato anatômico da córnea do olho do paciente. Ela é moldada por meio do desenho específico da córnea para que aconteça o aplanamento central da córnea e a miopia seja corrigida.
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O oftalmologista Paulo Polisuk destaca que a técnica é indicada para adolescentes que tenham recorrência de miopia na família
Foto: Divulgação/Marco Samerson
“Para a indicação deste tipo de técnica, o oftalmologista precisa avaliar as condições do paciente e submetê-lo a diversos exames que apontem para este tratamento ou não”, pontua Neves.
“O paciente tem que ser submetido a exames como o de topografia da córnea, para saber se ele aceita a adaptação da lente. Não são todos os casos em que ocorre a adaptação”, esclarece Polisuk.
Neves aponta, ainda, a praticidade das lentes descartáveis como um dos fatores responsáveis pela não utilização da ortoceratologia, uma vez que a técnica exige uma elaboração maior na hora da prescrição. Em contrapartida, Paulo Polisuk acredita que o fato de o país ter uma baixa incidência de miopia, se comparado a outros países como os Estados Unidos, favorece para que este seja um tratamento não convencional.
Os efeitos adversos da ortoceratologia estarão relacionados à aplicação do tratamento, a adequação do paciente e da higiene ao usar as lentes. “Independente da lente utilizada nos tratamentos, a higiene é fundamental para que haja uma boa adaptação e para que não haja infecção”, orienta Neves. “Seguir a orientação do médico sobre a forma de utilizar a lente, respeitar o tempo de vida útil e higienizar os recipientes em que elas ficam guardadas são cuidados essenciais para preservar a saúde dos olhos”, conclui o especialista.
Ortoceratologia
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