O desenvolvimento de biomarcadores moleculares minimamente invasivos para identificação de acometimento neurológico tardios pela covid-19 é um dos projetos aprovados pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa no Rio de Janeiro (Faperj) com bolsa de Pós-Doutorado Nota 10.
Em uma parceria entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto D’Or de Ensino e Pesquisa, o projeto de Fernanda Barros Aragão prevê suplantar uma dificuldade dos exames clínicos e de neuroimagem que não conseguem detectar, de forma precoce, problemas neurológicos tardios de pacientes acometidos pela covid.
Fernanda explica que alterações neurológicas são comuns em pacientes com covid-19 e material do SARS-CoV-2 foi isolado tanto no cérebro como no líquido cefalorraquidiano (líquido que banha o sistema nervoso central) de pacientes infectados, o que sugere que o vírus também ataca o sistema nervoso central de forma direta, pela infecção viral, e indireta, por disfunção da barreira hematoencefálica e neuroinflamação.
Segundo Fernanda, esses eventos podem agravar condições pré-existentes e contribuir para o desenvolvimento, mais tarde, de doenças neurodegenerativas. Com esta bolsa Faperj, recém aprovada, ela pretende desenvolver novas tecnologias para o reconhecimento precoce dos pacientes com covid-19 sob risco de acometimento neurológico agudo e tardio.
O projeto da Fernanda visa procurar estabelecer biomarcadores moleculares inovadores e um fator de risco genético, a partir da análise de sangue, e que possam apontar para um desfecho neurológico provocado pela covid. As pesquisadoras estão analisando o liquor cefalorraquidiano de pacientes e encontraram marcadores de inflamação aumentados.
Fernanda Aragão explica que os marcadores de inflamação são moléculas que o nosso próprio corpo produz em resposta à infecção e, que ao medirmos, podem dar uma ideia do quanto aquele órgão está inflamado, estabelecendo associações aos sintomas observados. No caso, o grupo já mediu essas moléculas que marcam a inflamação no líquor de pacientes com covid-19 e que desenvolveram problemas neurológicos. Dessa forma, o aumento dessas moléculas, está mostrando que o cérebro pode estar inflamado e, que isso, pode estar por trás dessas manifestações neurológicas.
Segundo Fernanda e suas orientadoras Fernanda de Felice, da UFRJ, e Fernanda Tovar Moll, do I D’Or, esse conhecimento poderá auxiliar na prevenção de doenças neurológicas severas associadas à covid-19 e na fundamentação de acompanhamento pós-pandemia de pacientes infectados.
As bolsas Nota 10 da Faperj nas modalidades de mestrado, doutorado e pós-doutorado são concorridíssimas e disputadas entre os alunos de programas de pós-graduação de instituições fluminenses. Neste segundo semestre de 2020, foram anunciados 123 projetos de Pós-Doutorado, cujos alunos recebem mensalmente uma bolsa no valor de R$ 5.200,00 mais uma taxa para investimento na pesquisa no valor mensal de R$ 1.000,00.
Entre os projetos contemplados, nove são sobre o novo coronavírus. Entre as temáticas, a avaliação da toxicidade da poluição atmosférica e relação da infecção do covid-19; covid e as formas de resistência social nas favelas cariocas, entre outros.
Faperj investe em pesquisa de covid-19 e danos neurológicos tardios
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