A Pestalozzi de Niterói promove na próxima terça-feira, dia 15, às 10 horas, em seu auditório, uma mesa de debates para discutir o uso da cannabis medicinal no sistema único de saúde. O evento, gratuito, é aberto aos profissionais da Pestalozzi e terá como convidados o psiquiatra Caio Lane Vargas, a fundadora da Abrario, instituição que defende o uso da substância no tratamento de pacientes, Marilene Esperança e Angélica Souza dos Santos, mãe de uma criança autista e que faz uso da cannabis medicinal.
O encontro tem como objetivo discutir não só os benefícios do óleo de cannabis no tratamento de crianças com deficiência intelectual, como o uso do produto junto ao sistema único de saúde. "O óleo de cannabis ainda é restrito para importação e só pode ser adquirido em farmácias especializadas para casos específicos. Precisamos aprofundar a discussão sobre seus benefícios e sobre a possibilidade desse tratamento ser feito também através do SUS. Hoje, crianças e jovens com deficiência e de famílias com menor poder aquisitivo, como o caso dos nossos pacientes aqui da Pestalozzi, não conseguem ter acesso ao uso da cannabis em seu tratamento", explica Marcio Loyola de Araújo, médico responsável da Pestalozzi de Niterói e mediador do encontro.
No Brasil, ainda é grande a polêmica sobre a liberação de cannabis no tratamento de pacientes. Tramita no Congresso Federal uma série de projetos de lei liberando e restringindo o uso do produto. Recentemente, resolução do Conselho Federal de Medicina definiu que os médicos só poderão prescrever o canabidiol para dois tipos de epilepsia, ficando proibido o uso do produto para outras doenças, bem como da planta in natura ou outros derivados dela para uso medicinal
Enquanto não há consenso sobre o tema, há projetos de lei como do senador Flávio Arns, do Paraná, que prevê a produção, controle, fiscalização , prescrição e importação de medicamentos de cannabis para fins medicinais.
Já o senador Eduardo Girão, do Ceará, defende a obrigatoriedade do SUS em fornecer medicamentos com canabidiol como único princípio ativo e se diz contrário a outro projeto, em discussão na Câmara dos Deputados que viabiliza a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta.
Defensora da liberação do uso medicinal da cannabis, a senadora paulista Mara Gabrilli afirma que muitas famílias dependem da substância para tratar doenças graves.
"Eu quebrei o pescoço e tive a oportunidade de fazer a minha reabilitação fora do Brasil. Eu me trato com Cannabis Medicinal. Eu consegui manter a minha saúde. A gente precisa de mais amor e menos preconceito. Porque a dor do brasileiro não é diferente da dor do cidadão de Israel, do cidadão da Austrália, do americano, do alemão, de todos os países. Por que o Brasil tem que ir na contramão, se 40 países já decidiram legalizar a Cannabis medicinal?", indaga a senadora.
Uso medicinal da maconha terá debate na Pestalozzi
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