A escola encolheu?

Educação e Novas Tecnologias
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Para muitos alunos estudar se resume a pegar o celular e ver vídeos e atividades que são indicadas pelos professores, mas precisamos deixar claro que a educação vai muito além do prédio escolar e mesmo de um dispositivo eletrônico.

No contexto adverso que vivemos, nós docentes, precisamos prestar a atenção no que está acontecendo na função de professores. Nossa atuação mudou de forma que não se caracteriza mais por uma sala, uma lousa e mesmo um aparelho de datashow com notebook, mas nossa profissão teve que se atualizar ao paradigma da contemporaneidade.

Aquele fazer pedagógico analógico ficou no século XX e se arrastou até aonde o corona-vírus permitiu, mas de fato o COVID-19 não trouxe somente a patologia em si, a dor da perda , a instabilidade econômica e o fechamento dos locais, mas ele trouxe pra nós a instabilidade de um sistema escolar que não está preparado para as demandas tecnológicas, desnudou a falta de capacitação digital dos profissionais da educação e ainda pôs holofote na desigualdade social, entre as escolas, redes de ensino, regiões do país e a iniciativa privada.

Nesse recomeço tímido, fica clara a necessidade de uma gestão educacional e financeira para as escolas particulares e isso inclui um plano de viabilidade econômica, analisando taxa de retorno e custo de oportunidade. Para a rede pública de ensino, enxergamos a necessidade de buscar uma política de elevação tecnológica a nível macro que celebre acordos vantajosos para as escolas, sem compras de equipamentos, onde os mesmos sofrem a obsolescência, mas comodatos, de forma que conforme a tecnologia evolua, a escola tenha sempre reposição de computadores e materiais de ponta. O dinheiro público tem que ser bem aplicado proporcionando retorno qualitativo e quantitativo.

O professor precisa perceber que seu aluno de hoje não é o mesmo de 13 de março do corrente, mas um "nativo digital" cada vez mais imerso na realidade tecnológica. Nós, enquanto profissionais do ensino estamos nos alfabetizando digitalmente. Em época anterior tivemos toda boa vontade em deixar o mimeógrafo para a máquina de cópias e impressoras multifuncionais. Aprendemos a digitar no editor de texto, clicando, selecionando, dando enter e deletando. Pois é queridos leitores, aquela etapa passou e hoje nos deparamos com uma infinidade de programas, plataformas, apps, uns em inglês e outros em português, uns "leves", outros "pesados", enfim vocabulário específico que é resultado também de um repertório tecnológico ampliado.

Mediante a todo exposto, da premência de uma busca pelo saber digital, sugerimos como estratégia que relacionem todos os programas que pretendem conhecer e façam uma lista de tarefas. Outra alternativa, é buscar tutoriais no YouTube, sobre essas ferramentas. Esse trabalho é sobretudo um "aprender a aprender" fazendo. Assista aulas de outros colegas e veja como ele se comporta, seu cenário e as ferramentas utilizadas, colete esses dados e pesquise na rede.

Não é mais cabível o discurso do "eu não sei", "eu não consigo", "eu tenho dificuldade". Nesse tempo, com diversos materiais explicativos e gratuitos, só não se atualiza quem não quer, pois a dificuldade é para todos, afinal nós somos profissionais da transição do paradigma educacional. Com certeza os nossos alunos não viverão essa angústia, porque a mudança e o desafio do "novo" é uma constante para essas gerações. Cabe dizer aqui que há a desvantagem de não terem experimentado as vivências anteriores e portanto não se defrontarem com ambas realidades.

O docente deste século deverá desenvolver um perfil de pesquisador das novas práticas pedagógicas atreladas as tecnologias, ser um observador ativo do processo de aprendizagem, monitorando o aluno, intervindo quando necessário, mas sobretudo dimensionando qual tecnologia se adequa para cada conteúdo, parte de conteúdo, nível de aprendizagem entre outras variantes.

Atuar como educador requer uma profusão de saberes que vão da antropologia social, aos mais recentes estudos de neurociência, passando pelos inventos tecnológicos. De fato, nunca foi fácil lidar com o outro e seu mundo, mas nessa dimensão, se ampliou ainda mais, e nós não podemos nos furtar a isso. Creio que como um todo ultrapassaremos essa barreira da capacitação tecnológica. Um bom princípio é abrir a mente para se lançar ao "novo".

Gardner, em seu livro "5 mentes para o futuro" revela que a mente preparada para lidar com as questões da contemporaneidade terá que ter as seguintes características: criadora de ideias e soluções, sintetizadora dos conhecimentos que virão de diversas fontes e formas, disciplinadora que exige uma organização de estudo e domínio do conhecimento, ética que reflete sobre seus atos e respeitosa pois o diferente merece vez e voz.

Professores, estamos na vanguarda, ensinemos com as nossas ações que suplantam mais de mil palavras. Avante!

Vagas para capacitação

Por ocasião do dia do professor, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES está fornecendo cursos de capacitação, totalmente gratuitos e on-line, para professores e estudantes de licenciatura em todo o país.

Segundo o ministro da educação, Milton Ribeiro, "o objetivo é preparar os profissionais da educação básica para usar ferramentas on-line em sala de aula, quando do retorno às atividades presenciais, ou dentro de novos ambientes virtuais de ensino e aprendizagem".

Inscrições - As inscrições foram abertas no dia 15 de outubro, durante 30 dias corridos ou até o esgotamento das vagas, e podem ser feitas pelo seguinte endereço eletrônico: eskadauema.com